quinta-feira, 18 de agosto de 2016

ANIMAIS IMAGINÁRIOS



A imaginação é uma das maiores potencialidades que temos, é através dela que geramos hipóteses mágicas e libertas do senso comum, nos distanciamos do que está posto e abrimos o portal para o mundo da novidade.
A fantasia dos contos de fadas é fundamental para que as crianças se desenvolvam em termos sentimentais, emocionais e, ainda aprendam a lidar com as sensações que captam do mundo. As crianças entendem bem a linguagem dos símbolos, elas que inventam no seu dia-a-dia o jogo do “faz de conta e criam um novo mundo cheio de seres míticos, fadas, bruxas, duendes, unicórnios, dragões. E para nós?!
A medida que foi lendo os seres citados acima, imagens mentais foram se formando, até porque mesmo que eles “não existam” habitam nosso imaginário desde a infância. São as imagens mentais que usamos para criação em design. O nosso mundo imaginário é como um repolho, as camadas externas são como os fragmentos do quotidiano que impede a imaginação de fluir, mas a cada camada de imagens prontas do dia a dia que tiramos como as pétalas do repolho, alcançamos o núcleo imaginativo dentro de nós.
É a nossa vez de criar novos seres imaginários.

É com esse núcleo que conseguimos corporificar nossa imaginação.
Curiosidade: O Making of do personagem Fauno do filme O Labirintodo Fauno

Alguns criadores de animais imaginários:

1. A estranha taxidermia de Enrique Gomez de Molina

"O taxidermista norte-americano Enrique Gomez de Molina tem uma visão um tanto peculiar sobre seu trabalho. Entusiasmado pela possibilidade de criar coisas novas, ele dedicou os últimos anos de sua carreira a realmente abraçar essa fantasia e desafiar a própria natureza. Como um Dr. Frankenstein contemporâneo, junta partes dos animais mais inusitados para montar criaturas jamais vistas – e que parecem até vivas."
Ver mais em: http://www.afronte.com.br/estranha-taxidermia-de-enrique-gomez-de-molina/

2. Redmer Hoekstra


"O ilustrador Redmer Hoekstra tem uma imaginação bem fértil e um talento incrível. Os desenhos dele nos dão a sensação de que acabaram de sair de um sonho ou de um mundo bizarro. Um elefante com uma mulher no lugar da tromba e um rinoceronte que é na verdade um navio são alguns dos personagens surreais dos desenhos do artista. As ilustrações são muito detalhadas e com referências irônicas de um mundo contemporâneo. As criações de Hoekstra são ao mesmo tempo perturbadoras e brilhantes. Confira em http://www.zupi.com.br/os-desenhos-surreais-de-redmer-hoekstra/
Ver mais em: http://www.redmerhoekstra.nl/

3. zoologia walmor correa

"Quando criança, Walmor Correa passava as tardes a observar os animais que viviam no bosque defronte de sua casa. Na sua imaginação, a toca do tatu e o ninho do passarinho uniam-se em algum lugar, nas entranhas da terra ou da árvore, e o passarinho, passando da toca ao ninho, se transformava em tatu para sair andando. Outros caminhos escondidos levavam até o mar, e o tatu e o passarinho podiam transformar-se, a seu bel-prazer, em golfinho, caranguejo, gaivota… As mutações das quais nascem os animais que povoam o bestiário em que o artista trabalha pacientemente há alguns anos descendem diretamente daquelas fantasias infantis, mas baseiam-se num estudo prolongado e numa precisão quase científica."
Ver mais: http://www.walmorcorrea.com.br/



BANCO DE DADOS PARA COLAGEM


O banco de imagens pode ser considerado um caldeirão de estímulos geradores para as rotas do inconsciente. É um interessante e produtivo garimpo, pois, de uma só imagem, podemos retirar ou inserir segmentos. Das combinações saem novas imagens criando novos significados em outras possibilidades de configuração simbólica. ”. (Philippini , 2009). 
Um banco de imagens deve ser organizado com atenção e renovado continuamente.  Eles são formados de recortes de imagens de jornais, revistas, papéis coloridos, embalagens diversas.
Outros materiais podem ser utilizados como imagem: tecidos, folhas, flores, peças, objetos.
Existem colagens com as mais variadas técnicas e materiais, usar referências para expandir sua capacidade e variedade de técnicas é essencial para formação repertório criativo.
Use o Pinterest e catalogue exemplos de colagens para sua inspiração. Ouse nos materiais, na forma e na composição.

Alguns exemplos de de artistas e suas formas de entender o mundo através das colagens.



Face the Foliage é um projeto lindo da designer norte-americana Justina Blakeney. Utilizando apenas flores e plantas, ela compõe personagens incríveis, cheios de expressão e sentimento. Justina passou a compartilhar seus retratos floridos no Instagram (@justinablakeney) utilizando a hashtag #facethefoliage. O projeto encantou um monte de gente, que se apaixonou pela ideia e resolveu fazer o mesmo. Abaixo, os personagens criados por Justina

2. Travis Bedel
Estilete, cola e livros de anatomia e botânica. Estes podiam ser apenas itens de um trabalho de ciências da escola. Mas na verdade são as ferramentas utilizadas pelo artista norte-americano Travis Bedel.

3. Francisca Pageo. 


Minimalismo e poesia marcam o belo trabalho da artista e designer espanhola Francisca Pageo. Suas colagens são incríveis, sempre com cores muito bem selecionadas e composições impecáveis


Em suas colagens, sempre bem elaboradas e carregadas de informação, Honarvar busca mostrar a beleza que existe no lado mais obscuro da natureza humana, misturando o belo e o grotesco. Animais, flores e pedras preciosas compõem com órgãos ensanguentados, cicatrizes, pessoas deformadas de guerra e até cadáveres. As imagens que escolhi para este post são as minhas preferidas, mas não são as mais impactantes e que melhor traduzem a proposta artística de Honarvar.



Papel, tesoura, cola e um incrível talento para composições são as ferramentas que a artista americana Beth Hoeckel utiliza para criar suas colagens. As peças são tão bem executadas que eu tive a certeza que eram montadas digitalmente, mas me enganei. As colagens são todas feitas a mão com recortes de livros e revista antigas, a maioria das décadas de 60 e 70. Massa!

6. Eugenia Loli 

A artista grega Eugenia Loli manipula digitalmente fotos antigas para criar colagens com tons vagamente escuros. Atualmente vivendo na Califórnia, Loli atingiu vários fãs leais através de seu site no Tumblr, mas ao mesmo tempo, apresenta uma profundidade em seu trabalho, que se traduz em impressões tangíveis e peças fora do mundo virtual.
Inspirada pelo surrealismo, as obras apresentam um sentido de intriga ao ser visualmente agradáveis.

7. Franz Falckenhaus


Interessado em fotografias, colagens e cinema, o artista polaco Franz Falckenhaus é detalhista em cada uma de suas obras. Misturando ilustrações, recortes e fotografias, ele cria pequenas histórias, remetendo sempre ao vintage.

COLAGEM


A colagem, derivada da palavra francesa “coller”, ganhou popularidade no início do século XX, e é definida como uma composição artística feita de vários materiais (papel, pano ou madeira) colados em uma superfície. A sua representação como forma de arte apareceu primeiramente nos trabalhos de Georges Braque no início do século XX. A obra Still life with fruit bowl and glass (1912) é geralmente considerada a primeira papier collé (papel colado). Imediatamente Picasso começa a apropriar-se da técnica e eles passam os dois anos seguintes a experimentar com todos os tipos de materiais.
Still life with fruit bowl and glass (1912) 
Depois dele muitos artistas fizeram uso da colagem para se expressar. Os futuristas atribuíram uma forma mais dinâmica dando espaço para a sensação de movimento e cores contrastantes. A obra de Carlo Carrà Manifesto for Intervention (1914) é um bom exemplo dessa abordagem.


A lista da utilização da colagem na arte moderna é enorme, já que ela permeou movimentos artísticos como o cubismo, surrealismo, dadaísmo, futurismo, fluxus, pop art entre outras. 
A pop art foi um movimento importante para a virada da utilização da colagem e para a relação posterior da mesma com o design gráfico. Uma das suas principais características era a crítica sarcástica que fazia a sociedade, por meio dos objetos de consumo.
A publicidade, as ilustrações e a banda desenhada eram frequentemente utilizados como inspiração. 
O consumo se tornou uma unidade de medida de sucesso financeiro e bem-estar psicológico e os artistas como Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Richard Hamilton usavam isso para dialogar na sociedade que estavam inseridos.
A colagem contemporânea, reúne as mais diversas formas de expressão gráfica, numa amostra ampla e ecléctica do panorama atual, influenciadas pelos modos tradicionais (como a colagem) e ao mesmo tempo, lançando-se na exploração de novas formas e ferramentas expressivas criadas pela sociedade da informação e pelos novos meios digitais. 
Ela apresenta-se assim como uma técnica atemporal que utiliza-se de recortes do que já foi e torna-se um novo registro que costura o presente, o passado e o futuro.
A colagem é um meio extremamente adequado de canalização e processamento do mundo à nossa volta e encontra-se num lugar privilegiado entre expressões e saídas necessárias.