“É preciso alimentar o
caos dentro de si,
para dar à luz uma estrela cintilante.”
Friedrich Nietzsche,
Assim falou Zaratustra
O caos é associado a um estado desorganizado de
matéria primordial anterior à criação de formas distintas e ordenadas. Que fique claro que estamos falando do espaço, não somente físico,
mas espaço de energia e atmosfera que
incita a criatividade. Onde a burocracia e as regras inibidoras foram
banidas, onde existe um fluxo contínuo de novas ideias, que
permitem um trabalho divertido e inspirador. O caos se torna matéria prima para
o processo de criação.
Os pensamentos desconexos são
prioritariamente valorizados e estimulados. É um espaço que se constitui nas
dúvidas e incertezas do mais íntimo de nosso ser. Nossos conflitos internos,
podem perambular de forma criativa e desnuda de conceitos e pré-conceitos
estabelecidos. No começo esse espaço
parece ridículo e as propostas tolas, justamente por chegarem tão perto do
nosso esconde-esconde diário no que tange à sociedade. É quase impossível a
liberação espontânea de palavras que emergem do nosso lugar secreto, porque
sempre nos habituamos a pensar no que o ser social exige de nós antes de
falarmos; e quando isso nos é permitido, ficamos, a princípio,
perdidos e buscando certo e errado dentro do processo criativo.
A angústia toma
conta de nós e primeiro pensamento é que não somos capazes de ser criativos.
Realmente não temos essa capacidade, se tomarmos a criatividade como um Santo
Graal, o que realmente não é. Olhamos novamente para o outro, queremos ser
valorizados e reconhecidos pelo meio, e não nos permitimos, olhar para dentro
de nós e de lá emergir ideias soltas e desconexas, não deixamos nosso caos vir
a tona.
Ao mesmo tempo que nos
abrimos ao novo e o absorvemos, também espontaneamente o estruturamos. Os
processos de descoberta são sempre processos seletivos de estruturação. Nossa
abertura é complementada por delimitações interiores sem as quais nos
desorientaríamos perante um mundo em contínuo desdobramento. Ao configurarmos o
novo, o relacionamos a nós; organizamo-lo em função de nós, em função de nossas
delimitações. Ainda que as delimitações sejam flexíveis, podendo estender-se
junto às áreas novas da experiência, essas delimitações tem que estar presentes
e funcionar em caráter de divisa, circunscrevendo e abrangendo os fenômenos, já
para garantir ao menos sua percepção. Sem a capacidade de delimitar, lembramos,
não seria possível ao ser humano compreender, ou imaginar, ou sequer perceber.
(OSTROWER, 2004, p. 151)
Temos medo de não dar conta do que parte de nós mesmos, e quando isso nos é exigido neste espaço, sofremos, tentamos não fazer parte, não mergulhar nessa aparente loucura caótica defendendo nosso “ status quo”. Mas a necessidade de criar, esse impulso elementar, essa força vital nos empurra para o “buraco de Alice”[1]
Nesse próximo encontro, vamos cair no buraco.
[1] Referindo-se ao clássico
Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, de 1865.
Que bom que li esse texto...estava achando que viajei ao preencher o questionário. Tive realmente vontade de escrever sobre Reiki, I Ching, enfim, energia rsrsrs Que bom que viajei, ou não (como diz o filósofo: Caetano)
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